Introdução alimentar: quando começar?

A introdução alimentar é caracterizada como uma fase transitória que consiste na oferta de novos alimentos ao bebê, como complemento, e não como substituto do leite materno, sendo este incentivado até os dois anos de idade ou mais.

Este é um período de adaptação em que a criança progressivamente passa do seio da mãe para a alimentação da família, já que os sabores, as texturas e as consistências dos novos alimentos são bem diferentes do leite materno que o bebê está acostumado. 

A nutricionista Dagmarcia David explica que a introdução de novos alimentos requer uma atenção especial, pois as práticas alimentares no primeiro ano de vida são experiências que influenciam na formação de hábitos alimentares que poderão ser propagados até a vida adulta, sendo fundamental também a construção de memória alimentar positiva nessa fase, criando, desde o princípio, uma relação saudável com o alimento.

Quais alimentos são indicados para essa fase?

Muitas dúvidas são comuns para mães que estão amamentando o primeiro filho. Por isso, a nutricionista Dagmarcia explica que a introdução alimentar deve acontecer de forma gradual: “Se pensarmos na introdução alimentar tradicional, os alimentos macios, amassados com garfo e sem passar por liquidificação são os mais indicados para não comprometer a absorção dos nutrientes. Posteriormente, de acordo com a tolerância da criança, os alimentos poderão ser picados e desfiados, para estimular a sua mastigação, deglutição e digestão”.

A especialista afirma que as frutas são alimentos excelentes para começar a introdução alimentar complementar, pois são opções ricas em vitaminas, sais minerais e água. Além disso, o sabor doce é aceito com maior facilidade pelo paladar infantil. 

“Pode ser banana, mamão ou abacate, que são opções mais fáceis de amassar. Se for uma fruta da época e orgânica, melhor ainda. Quando o bebê acordar, logo cedo, você pode amamentá-lo à vontade. Espere um espaço de tempo entre 20 a 30 minutos para oferecer a fruta. Não precisa liquidificar a fruta, mas pode amassar, se preferir”. 

A nutricionista também destaca que não é necessário acrescentar açúcar ou qualquer substância que altere o sabor das frutas, pois o bebê precisa conhecer o sabor verdadeiro da comida, sem aditivos. 

“Ofereça frutas diferentes durante a semana. Não se preocupe em caso de rejeição. Para o bebê, tudo é novidade! Espere alguns dias e volte a oferecer a mesma fruta. Além de ser importante para que o pequeno conheça os primeiros sabores, alternar as frutas é fundamental para promover um equilíbrio alimentar”, explica. 

Qual a melhor forma de introduzir alimentos saudáveis na alimentação dos bebês?

Dagmarcia explica que é necessário que os alimentos sejam introduzidos separadamente, para facilitar a identificação do sabor e, dessa forma, promover uma melhor aceitação. Não se deve adicionar leite ou açúcar nas papinhas na tentativa de favorecer essa aceitação, pois este ato dificulta que a criança aceite modificações no sabor das dietas. Para que haja uma boa aceitação de determinados alimentos, é necessário que eles sejam expostos ao bebê com frequência (de 8 a 10 vezes em média).

“No caso das papinhas salgadas, os alimentos devem ser preparados especialmente para a criança. Eles precisam ser bem cozidos, com pouca água, até ficarem macios, e deverão ser amassados com o garfo. As carnes devem ser desfiadas e separadas em porções no prato para que a criança possa reconhecê-las. O liquidificador e a peneira não devem ser usados”, afirma.

Dicas para preparar as papinhas dos bebês

No preparo da papinha salgada devem ser usados temperos frescos como cebola, alho, salsa, cebolinha e pouco sal. No caso de preparar os alimentos ensopados e refogados, os óleos vegetais podem ser utilizados. Não devem ser usados temperos e alimentos industrializados, apimentados, muito gordurosos, como bacon e embutidos (linguiças, salsicha e presunto). Também não devem ser adicionados açúcar, mel, farinhas ou geleias nas frutas. Guloseimas como balas, gelatinas, chocolates, refrigerantes, biscoitos salgados ou recheados devem ser evitados.  

Após os seis meses, além do leite materno, devem ser introduzidos, aos poucos, outros alimentos em três refeições ao dia (papinha de fruta no meio da manhã, papinha salgada no almoço e novamente papinha de fruta no meio da tarde). As frutas, deverão ser amassadas com garfo ou raspadas, e oferecidas na colher. A papinha salgada (almoço) deve ser preparada com legumes e/ou verduras, juntamente com cereais ou tubérculos (exemplos: arroz, batatas, macarrão), carnes ou ovo e feijão amassados no garfo e colocados separadamente no prato para que a criança possa reconhecê-los.

Como deve acontecer a introdução alimentar?

A especialista afirma que existem alguns métodos para a introdução dos alimentos:

Método tradicional

O método tradicional se baseia na introdução gradual dos novos alimentos na rotina alimentar da criança com gerenciamento e supervisão dos pais ou cuidadores. A orientação inicial envolve a oferta de preparações em forma de papinhas (não liquidificadas) e purês, para facilitar a deglutição da criança e evitar um possível engasgo com o alimento, aumentando-se gradativamente a consistência e a variedade dos alimentos. Os purês e papas são substituídos por alimentos picados, desfiados ou cortados em cubos pequenos, até chegar à dieta da família, devendo ocorrer em torno dos 12 meses de idade.

Método BLW

O método BLW, da sigla Baby-Led Weaning, criado em 2008 pela enfermeira social inglesa PhD. Gill Rapley, preconiza a introdução alimentar gradual e natural da alimentação complementar, propondo a auto-alimentação do bebê desde o início, isto é, sem auxílio/interferência dos pais ou cuidadores. Os alimentos complementares são oferecidos em pedaços maiores, na forma de tiras ou bastões para o bebê experimentar e descobrir texturas e sabores com as próprias mãos.

Abordagem Participativa: Introdução Alimentar com Flexibilidade

A abordagem participativa é a combinação da alimentação independente e alimentação assistida permitindo tanto a participação do bebê, pela oferta de alimentos sólidos, despertando o seu interesse pela comida, quanto o gerenciamento e supervisão dos pais na alimentação.

O que deve ser evitado?

“Quando a criança não estiver com fome, não é preciso insistir ou utilizar de prêmios ou castigos para que ela coma o que os pais ou cuidadores acreditam que seja o necessário para ela. É importante distinguir os sinais de fome de outras situações de desconforto da criança, como sede, sono, frio, calor ou fraldas sujas”.

Dessa forma, a nutricionista explica que se a criança é forçada a comer de forma contínua, ela vai perdendo gradativamente sua percepção de saciedade, levando a um risco aumentado para desenvolvimento de excesso de peso e obesidade nos anos seguintes.

“Por mais que a criança se negue a comer, tente manter a neutralidade emocional para não transmitir nervosismo. Outro hábito a ser evitado é substituir as refeições, pois quando você faz isso, está ensinando ao seu filho que é só se negar a comer para ganhar aquilo que ela gosta, e fica tudo bem. É importante reforçar que há alimentos consumidos pela família que não devem ser oferecidos para crianças pequenas, sendo eles: iogurtes industrializados, macarrão instantâneo, salgadinhos, refrigerantes, doces, sorvetes, biscoito recheado, entre outros”, complementa. 

Tá na Mesa

Uma alimentação saudável é fundamental para uma vida saudável. E quanto antes ela começa, melhor é! No Tá Na Mesa, programa do Priori, ensinamos as crianças de uma forma lúdica como deve ser feita uma alimentação saudável e equilibrada.

Saiba mais aqui.

Fonte: Dagmarcia David, nutricionista credenciada da Paraná Clínicas

Leia mais:

DIU: o que é, como funciona, vantagens e indicações

Movimente-se: confira dicas de exercícios para a melhor idade

Fígado: doenças mais comuns, sintomas e tratamentos