Anualmente, a campanha Setembro Amarelo relembra a importância do combate ao suicídio. Em um cenário de crise sanitária e pandemia, diversas entidades e organizações internacionais reforçam a importância de dar atenção à causa de saúde mental devido aos impactos socioeconômicos que este momento pode trazer de múltiplas formas para a população.

Em meio à pandemia, 53% dos brasileiros afirmam que sua saúde mental piorou durante o último ano. Os dados são de uma pesquisa do Instituto Ipsos. Outro estudo, realizado pelo Ministério da Saúde  revelou que 86% dos brasileiros passou a sofrer de ansiedade no contexto da covid, assim como 45% passou a apresentar quadros moderados de estresse pós-traumático e 16%, depressão grave.

Vale lembrar que segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma pessoa comete suicídio a cada 40 segundos. Mesmo antes da pandemia, o suicídio já apresentava indíces alarmantes e, neste contexto, há a oportunidade de quebrar o silêncio e promover a prevenção ao suicídio. Continue lendo e saiba mais!

Por que Setembro Amarelo?

Assim como a campanha #JaneiroBranco é dedicada a promoção de assuntos de conscientização em relação à saúde mental, o movimento do Setembro Amarelo é dedicado à divulgação de informações, conscientização e combate ao suicídio. 

A iniciativa começou em 2015 no Brasil, sendo pautada por entidades como o Centro de Valorização da Vida (CVV), além do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Um dos fatores que motivaram as campanhas de conscientização estão ligados à ação de amigos e familiares de um rapaz chamado Mike Emme, que cometeu suicídio, aos 17 anos, nos Eua. Mike, tinha um carro amarelo e no seu velório, os presentes fizeram uma cesta repleta de cartões e fitas amarelos incentivando as pessoas buscarem ajuda. Em 2003, a OMS instituiu o mês de de combate ao suicídio e a cor amarela foi escolhida para representar a causa.

Combate ao suicídio e pandemia: fatores de risco

O isolamento social, a alta de desempregados, o aumento da inflação e os impactos na elevação dos preços de alimentos, aluguel e outras despesas são fatores que por si só podem contribuir para o adoecimento das pessoas. Além disso, há o agravante do medo de contaminação por covid-19.

Neste contexto, entender os fatores de risco e promover o combate ao suicídio é um trabalho conjunto que deve ser desenvolvido por profissionais da saúde e comunicadores.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), elaborou junto aos pesquisadores do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres da Saúde, uma cartilha sobre Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia de Covid-19. Entre os sinais de atenção para o comportamento suicida, a cartilha destaca:

  1. Persistência dos sentimentos de tristeza, impotência e baixa autoestima;
  2. Tentativas prévias de suicídio;
  3. Irritabilidade e agitação excessiva.
  4. Abuso de substâncias como álcool e outras drogas;
  5. Recorrência do isolamento afetivo e sentimento de solidão;
  6. Exposição frequente a situações de risco à vida.

Além desses fatores, é importante considerar o histórico familiar em relação às tentativas de suicídio e o contexto social no qual as pessoas estão vivendo já que a pandemia escancarou catalisadores que podem contribuir com a ideação suicida como crise financeira, violência doméstica, luto e sentimentos diversos por contas do isolamento e da sensação de falta de suporte.

Como ajudar no combate ao suicídio?

O melhor caminho para ajudar no combate ao suicídio é incentivar a busca por ajuda profissional de profissionais de psiquiatria e psicologia. No entanto, há outras ações que podem ser realizadas em determinados contextos. Abaixo, discorremos sobre algumas dessas possibilidades.

Para ajudar amigos e familiares

  • Ouça a pessoa sem julgamentos;
  • Mostre que está presente na vida da pessoa, com ligações, vídeos e outras formas de suporte;
  • Ajude seus amigos e familiares a buscar os serviços de apoio de saúde mental;
  • Fique atento (a) aos sinais de isolamento, comportamentos de automutilação e pensamentos como “prefiro desaparecer ou sumir”;
  • Evite dar conselhos prontos como “se ajude, busque uma atividade e supere”;
  • Pratique o acolhimento e una familiares para formar uma rede de apoio para a pessoa em risco.

Para ajudar colegas de trabalho e funcionários

  • Promova iniciativas de promoção do bem-estar e valorização da saúde mental dos seus funcionários;
  • Faça discussões com o departamento de Recursos Humanos sobre iniciativas que ajudem os funcionários a ter acesso à saúde e aos profissionais de saúde;
  • Crie momentos de escuta ativa e diálogo para desenvolver trocas de experiências.

Outras dicas para ajudar e buscar ajuda

Compartilhar informação de qualidade também é um ponto muito importante para promover o combate ao suicídio. O estigma e a psicofobia (preconceito em relação às doenças mentais) fazem parte da estrutura social e, ao contrário do que muitos pensam, falar é buscar soluções. O silenciamento contribui com a falta de diálogo e discussões em torno da temática e isso pode fazer com que as pessoas não procurem ajuda adequada.

Seja todo ouvidos

Conversar sobre saúde mental é a melhor solução para combater o suicídio. No dia 21/09 (terça-feira), a Dra. Ana Paula Aquino, psiquiatra da Paraná Clínicas estará realizando uma live sobre o assunto em nossas redes sociais. Anote na agenda e  assista no Instagram!

Com informações da Dra. Ana Paula Aquino, psiquiatra da Paraná Clínicas

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